Alice Keppel (1868 – 1947)

Minha personagem Flora é tirada de sua vida tranquila em Lake District para ir morar com Alice Keppel, célebre figura da sociedade londrina. Como ela logo descobre, a Sra. Keppel era uma das amantes do rei Eduardo VII, mais conhecido como Bertie, e o monarca era visita frequente da casa em Portman Square. Embora controversa, Alice Keppel foi uma mulher inteligente e sociável, dona de uma energia contagiante. Costumava receber os maiores políticos e aristocratas europeus da época e, de todas as amantes de Bertie, foi a mais conhecida.

Em 1897, Alice foi apresentada a Bertie, então príncipe de Gales e casado desde 1863 com a princesa Alexandra da Dinamarca. Logo se tornou uma de suas muitas amantes. Ele a chamava pelo apelido de “La Favorita”.

Embora boatos sobre o caso entre Alice e Bertie circulassem pela alta sociedade londrina, foi só em fevereiro de 1898 que ele começou a visitá-la abertamente na residência dos Keppels em Portman Square. No início de 1901, a rainha Vitória morreu e, no dia 24 de janeiro, Bertie subiu ao trono como rei Eduardo VII.

Ao longo dos nove anos seguintes, Alice, e também seu marido, George, foram parte intrínseca da corte real, e podiam ser vistos na maioria dos seus eventos. O principal conselheiro em finanças de Eduardo, Sir Ernest Cassel, também ajudava Alice com seus investimentos, o que fez dela uma mulher muito rica. Alice e as filhas acompanhavam o rei em suas visitas anuais a Biarritz, na França, onde ela era tratada como uma rainha.

Bertie supostamente gerou um filho ilegítimo com uma das amantes: dizem que Lady Susan Vane Tempest deu à luz um filho seu em Ramsgate em 1871, mas nada mais se sabe sobre o destino da criança, e Lady Susan morreu em 1875, levando o segredo para o túmulo.

Em seus últimos anos de vida, a saúde do rei começou a fraquejar. Sempre um apreciador da comida e da bebida, ele havia se tornado obeso e, apesar da bronquite, seguia fumando seus charutos preferidos. No dia 6 de maio de 1910, após dois enfartes, o rei entrou em coma. Alice implorou à rainha Alexandra que a deixasse vê-lo, e mostrou-lhe uma carta que Bertie tinha lhe escrito em 1902 como prova de que a queria ao seu lado. Os relatos de testemunhas sobre o que de fato aconteceu são diversos, mas dizem que Alice, histérica, precisou ser arrastada por guardas do palácio para fora do quarto do rei. Eduardo VII morreu às 23h45 daquela mesma noite.

Dizem que, a pedido do rei, Sir Ernest Cassel deixou uma grande soma em dinheiro ao lado de sua cama. Segundo os boatos, esse dinheiro era para Alice Keppel, mas o rei morreu antes que pudesse entregar o presente a ela. A quantia foi depois devolvida a Sir Ernest Cassel pelo assessor pessoal do finado rei.
Banidas da corte formada pelo novo rei e rainha, Jorge V e Mary de Teck, Alice e sua família se afastaram da sociedade londrina e passaram os dois anos seguintes viajando pela Itália, Argélia, Ceilão, Extremo Oriente e China. Em 1912, tornaram a se mudar para Londres, e durante a Primeira Guerra Mundial Alice mais uma vez passou a organizar jantares e finais de semana para diplomatas, políticos e correspondentes.

Em 1927, Alice se transferiu para Florença, na Itália, onde morou com o marido até o fim da vida, com exceção do período da Segunda Guerra, durante o qual voltou ao Reino Unido. Quando Eduardo VIII anunciou sua abdicação devido à intenção de se casar com a divorciada americana Wallis Simpson, o comentário de Alice foi: “Na minha época as coisas eram muito mais bem-feitas.” Alice morreu em 11 de setembro de 1947 e foi enterrada no Cimitero degli Allori, em Florença, próximo de sua casa.

A vida de Alice Keppel foi um exemplo perfeito da sociedade eduardiana, que aproveitou os prazeres da comida, da bebida e do dinheiro antes do advento da Primeira Guerra Mundial. Em The Edwardians (Os eduardianos), paródia da aristocracia e mais famoso romance de Vita Sackville-West, ela foi imortalizada como a Sra. Romola Cheyne:
“A Sra. Cheyne é uma mulher de personalidade forte e coragem vigorosa… apesar de toda a sua dureza, de todo o seu materialismo, [ela] não tem uma alma mesquinha.”

A história de Alice e Eduardo, ex-príncipe de Gales, tem ligação com o atual príncipe de Gales, Charles, e sua segunda esposa Camilla, duquesa da Cornualha. Alice Keppel é bisavó de Camilla, enquanto Eduardo VII é tataravô de Charles. Por uma estranha reviravolta do destino, as duas mulheres, parentes de sangue mas nascidas com décadas de intervalo, tornaram-se amantes de um príncipe de Gales.

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